Era uma vez um imperador da China que vivia num palácio maravilhoso. O palácio tinha um lindo jardim que se estendia até ao mar. Havia quem dissesse que era a coisa mais bela do Mundo! As suas flores mais bonitas tinham campainhas de prata que tilintavam a cada brisa que passava.
Naquele jardim vivia um rouxinol que tinha uma voz bonita e doce. Quem o ouvia, parava e dizia: “Que canto maravilhoso!”
Mas o imperador da China não o conhecia…
Um dia, ao desfolhar um livro, leu estas palavras:
“No magnífico jardim do palácio do imperador da China vive um rouxinol de canto belo e suave.”
“Que significa isso?” O imperador chamou imediatamente o seu primeiro mordomo. “Dizem que aqui existe um pássaro maravilhoso chamado rouxinol e garantem que é o que de melhor existe no reino! Como é que eu não o conheço?” gritou o imperador. “Quero-o aqui hoje mesmo!”, ordenou. “Se não o trouxeres para o palácio até ao cair da noite, serás chicoteado!”
Cheio de medo, o primeiro mordomo meteu os pés ao caminho, mas o jardim era enorme e o pobre homem não sabia onde o procurar.
Por sorte, a ajudante de cozinha, vendo-o desesperado, decidiu ajudá-lo. “Eu sei onde está”, disse-lhe, e guiou-o até ao ninho do rouxinol.
“Que voz maravilhosa!”, exclamou o mordomo, quando ouviu o pássaro. “Gentil rouxinol, de doce canto”, disse-lhe, “esta noite foste convidado para o palácio. O imperador deseja ouvir-te cantar.”
“O meu canto soa melhor entre as árvores”, disse o rouxinol, mas acabou por aceitar o convite.
Cantou tão bem que o soberano ficou emocionado e chorou. O imperador decidiu, então, mandar construir uma gaiola de ouro para que o rouxinol ficasse na sua companhia.
O pássaro preferia viver em liberdade, mas como era bom, cantava de boa vontade para o seu imperador.
Um dia, porém, chegou um grande embrulho do Japão: era um presente para o imperador.
O imperador abriu o embrulho e, ao contrário do que tinha pensado, não era um livro, mas um rouxinol de ouro e pedras preciosas. Bastava dar-lhe corda que o rouxinol mecânico cantava com uma voz suave como a do rouxinol verdadeiro.
“Que maravilha!”, exclamou o imperador. “Que maravilha!”, repetiram todos. A partir de então, ninguém mais quis saber do rouxinol verdadeiro.
Mas um dia, no meio de uma festa, o rouxinol de ouro fez: “PLoc!”, e não cantou mais! Tinha-se estragado.
O imperador caiu na cama doente de desgosto e todos pensavam que ele ia morrer.
Quando o rouxinol verdadeiro soube, bom como era, voou imediatamente para o palácio e cantou para o imperador. Aquela música maravilhosa e mágica curou-o. “Fui muito estúpido e ingrato, desculpa!”, disse, baixinho, o imperador.
A partir daquele dia, ele e o rouxinol nunca mais se separaram. O rouxinol voava sempre que lhe apetecia para fora do palácio e, no seu regresso, contava ao imperador tudo o que tinha visto e ouvido. Assim o imperador sabia sempre tudo o que se passava no seu reino e quando alguém lhe perguntava “Como é que sabe tantas coisas?”, ele respondia: “Foi um passarinho que me disse…”.